Nunca pensei em deixar o Brasil. Até agora. Tenho pensado nisso nos últimos dias. A razão disso? É justamente a palavra que resume a falta de razão: Medo. E não é o “medo de assalto” ou “medo da crise” ou “medo do desemprego”. Esses problemas aí eu já passei por todos eles e, muito infelizmente, já estou vacinado. Meu medo hoje é outro, é um que nunca pensei que fosse ter e que chega até a ser comparável com a minha fobia de alturas. Estou com medo de quem costumava ser meu semelhante.
Estou com medo de uma corrente de ódio e ignorância que vem sendo alimentada há mais tempo do que me lembro, mas que agora explode e sinto dificuldades de ver um ponto de retorno.
Estou com medo do ser humano médio da sociedade brasileira.
Estou com medo de ser apedrejado por não professar uma fé majoritária cujos adeptos acham que têm o direito de exterminar aqueles que não lhe são iguais e ainda haver quem defenda quem apedreja [1].
Estou com medo de encontrar meu irmão na rua, pois a primeira coisa que sempre faço é dar-lhe um beijo, e as pessoas nos atacarem por estarmos indo contra um código de moral e bons costumes que impede que pessoas se beijem, mas permite que pessoas agridam outras em nome seu nome [2].
Estou com medo de ser agredido por conta de ser confundido com alguém a partir de um boato qualquer na Internet e não ter chance de defesa física [3] ou moral [4].
Estou triste e com medo de ver gente com quem cresci defendendo assassinatos e linchamentos e se colocando ao lado de quem não tem o menor resquício de racionalidade, como repetidores automáticos de bordões que apelam para seus lados mais obscuros e os traz à tona: a nossa animalidade, a nossa irracionalidade. A nossa cegueira alimentada por barões da guerra.
Estou com medo por ver colegas atropelando a ética por status e lucro.
Estou com medo por ver os que deveriam ser meus parceiros ideológicos se rendendo igualmente a essa bola de neve que odeia por simplesmente odiar o que não lhe é igual e transformar tudo, seja uma dieta ou uma preferência de estilo literário, em religiões fundamentalistas que demonizam quem não lhes são seguidores, o que se dirá das assumidas e sectaristas religiões.
Estou triste por não conseguir mais eu mesmo ter a paciência necessária para tentar argumentar com quem se encontra nessa histeria coletiva, a quem só faltam rastelos, foices e tochas em punho para se configurar uma turba medieval.
Estou cansado de ver gente que acha que algumas pessoas tem que passar por todo o tipo de provas das mais humilhantes só para fracassarem e que isso justifique os dedos sempre apontados os chamando de incompetentes.
Essa entropia, causada e alimentada por séculos de estratégias de poder, é a nossa ruína. Não quero ir embora por causa dos políticos. Eles não são nada mais que os mais legítimos representantes do povo do nosso país. Maniqueistas, manipuladores, trapaceiros, egoístas e corruptos. Eu só não quero mais fazer parte disso, pois nunca fiz, mas tentava fazer alguma diferença mínima e nem isso quero mais...
Porém eu estou pessoalmente em uma fase de recomeços. Talvez eu ainda consiga algum novo oxigênio ao estar em contato com novas pessoas e um tanto mais do renovar da juventude da gente da minha terra. Talvez seja só uma fase. Talvez eu ainda consiga algum fôlego, afinal deixar de acreditar na capacidade do ser humano de ser melhor é deixar de acreditar em mim mesmo.
Por favor, me ajudem a perceber que a minha desesperança é um tremendo equívoco.
Estou com medo de uma corrente de ódio e ignorância que vem sendo alimentada há mais tempo do que me lembro, mas que agora explode e sinto dificuldades de ver um ponto de retorno.
Estou com medo do ser humano médio da sociedade brasileira.
Estou com medo de ser apedrejado por não professar uma fé majoritária cujos adeptos acham que têm o direito de exterminar aqueles que não lhe são iguais e ainda haver quem defenda quem apedreja [1].
Estou com medo de encontrar meu irmão na rua, pois a primeira coisa que sempre faço é dar-lhe um beijo, e as pessoas nos atacarem por estarmos indo contra um código de moral e bons costumes que impede que pessoas se beijem, mas permite que pessoas agridam outras em nome seu nome [2].
Estou com medo de ser agredido por conta de ser confundido com alguém a partir de um boato qualquer na Internet e não ter chance de defesa física [3] ou moral [4].
Estou triste e com medo de ver gente com quem cresci defendendo assassinatos e linchamentos e se colocando ao lado de quem não tem o menor resquício de racionalidade, como repetidores automáticos de bordões que apelam para seus lados mais obscuros e os traz à tona: a nossa animalidade, a nossa irracionalidade. A nossa cegueira alimentada por barões da guerra.
Estou com medo por ver colegas atropelando a ética por status e lucro.
Estou com medo por ver os que deveriam ser meus parceiros ideológicos se rendendo igualmente a essa bola de neve que odeia por simplesmente odiar o que não lhe é igual e transformar tudo, seja uma dieta ou uma preferência de estilo literário, em religiões fundamentalistas que demonizam quem não lhes são seguidores, o que se dirá das assumidas e sectaristas religiões.
Estou triste por não conseguir mais eu mesmo ter a paciência necessária para tentar argumentar com quem se encontra nessa histeria coletiva, a quem só faltam rastelos, foices e tochas em punho para se configurar uma turba medieval.
Estou cansado de ver gente que acha que algumas pessoas tem que passar por todo o tipo de provas das mais humilhantes só para fracassarem e que isso justifique os dedos sempre apontados os chamando de incompetentes.
Essa entropia, causada e alimentada por séculos de estratégias de poder, é a nossa ruína. Não quero ir embora por causa dos políticos. Eles não são nada mais que os mais legítimos representantes do povo do nosso país. Maniqueistas, manipuladores, trapaceiros, egoístas e corruptos. Eu só não quero mais fazer parte disso, pois nunca fiz, mas tentava fazer alguma diferença mínima e nem isso quero mais...
Porém eu estou pessoalmente em uma fase de recomeços. Talvez eu ainda consiga algum novo oxigênio ao estar em contato com novas pessoas e um tanto mais do renovar da juventude da gente da minha terra. Talvez seja só uma fase. Talvez eu ainda consiga algum fôlego, afinal deixar de acreditar na capacidade do ser humano de ser melhor é deixar de acreditar em mim mesmo.
Por favor, me ajudem a perceber que a minha desesperança é um tremendo equívoco.
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