quinta-feira, 11 de julho de 2019

O SUFICIENTE


Gosto dela.

Meu ID grita que eu gosto dela desmesuradamente. O superego sabe: gosto dela e isso é mais que o suficiente.

O eu lírico fermenta e derrama e esparrama esse gostar em uma série crescente de superlativos  hiperbólicos  e sinônimos e polissíndetos. O eu revisor enxuga todos os excessos para o que é suficiente para transmitir a ideia com exatidão.

O que importa: gosto dela.

Talvez até dissesse que gosto dela a ponto de gostar até das discordâncias, mas a razão me aponta que isso não é gostar, isso é respeitar (e isso é o básico).

Talvez até dissesse que gosto dela a ponto de expor a ela minhas ideias, opiniões e dúvidas, mas isso tampouco é gostar, isso é confiar.

Talvez até dissesse muitas coisas que se confundem com muitas outras, mas...

...talvez eu diga apenas que esse gostar reside no somatório de muitas coisas que se acumulam positivamente. Mesmo as eventuais discordâncias. Mesmo os eventuais silêncios.

Gosto dela o suficiente para dizer-lhe isto sem medo de ser incompreendido e sem me preocupar em mudar muita coisa, apenas na melhor forma de expressar da forma que é.

Gosto dela.

E isso é o que importa.

E isso é mais que o suficiente.

(11-07-2019)

(foto: autobordado de Marcella Gonçalves, @vie.cella [instagram])