Muitas coisas acabam ficando
no imaginário coletivo como indissociavelmente relacionadas de um modo que
chega a ser nocivo.
Ah, a tranquilidade de poder
gostar sem querer para si é um conforto que poucos hoje sabem ter. O querer bem
sem a necessidade do desejar é um tipo de liberdade de sentimentos
tremendamente pacificadora.
Chego a pensar que talvez
seja este o real significado do tal "desapego" que tantos por aí
apregoam e que eu só consigo ver mensagens egoístas e hedonistas de
desconsideração ao outro enquanto igual.
Aparentemente, as pessoas
conseguiram desassociar o desejo do sentimento, mas só em uma via. Pode-se
desejar sem querer vínculos, mas esquecem de qualquer possibilidade além, mesmo
que seja um processo de três fatores: o gostar, o querer e o “não”. Assim (por
favor, me corrijam os especialistas em cálculos de possibilidades), há pelo
menos quatro grandes possibilidades, não apenas duas. E deve-se lembrar
inclusive que, em qualquer uma das configurações possíveis, há que existir a
concordância plena do outro, especialmente no “não”.
Gostar é bom, faz bem.
Desejar também é bom. Acredito realmente que o problema não está no desejar,
mas como isto tem sido propagado e feito. Como lidar com o querer em um mundo
em que em que tudo é potência e explosão e que preconiza a posse e a
auto-satisfação acima de tudo? É um exercício constante, mas quando dá certo, a
alma voa.
Queria poder voar tantas
vezes quanto me fosse possível, mas nem sempre posso negar ser eu também parte
do hoje.
Por enquanto, me basta estar
satisfeito em lembrar que gostar e querer não seguem uma relação obrigatória de
causa e consequência.
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