quinta-feira, 2 de agosto de 2012

SIMPLES II (ou Coletânea Sensorial Não-verbal Translada e Resumida em Signos Lingüísticos)


Teus olhos grandes de um castanho vivo e longe.
Tuas mãos pequeninas de dedos suaves.
Uma contradição.
Não conseguires conter tudo aquilo que percebes.

Meus olhos pequenos e míopes de um castanho comum
permanentemente distraídos e protegidos por lentes externas.
Minhas mãos grandes de dedos longos moldadas e habilitadas
a cumprirem uma função específica.
Uma frustração.
Não conseguir perceber o que está ao meu alcance.

Não opostos, mas complementares.

Tua fala acelerada, entrecortada,
veloz e ricocheteada como um átomo
solto em um ciclotron
esperando colidir e fragmentar-se.
Uma urgência.
A pressa pela juventude adiada.

Minha quase mudez grave e rouca
interrompida por longas, lentas e verborrágicas análises,
como um livro de contos embolorado
em uma estante empoeirada de alguma biblioteca.
Uma conformidade.
A constatação da maturidade já premente.

Mais que características, quase caricaturas.

Até o encontro de olhos
Que não se buscam, mas se mesclam,
De mãos que se encaixam
e se protegem.
De lacunas
que se preenchem.
De toda um pluralidade
que almeja o singular.
De dois, que são variantes,
a um, que é binômio.
De conjuntos
que se intercedem
e do novo conjunto
formado pela interseção.

De tudo o que se pensa
A tudo o que se vive e sente.

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