Teus olhos
grandes de um castanho vivo e longe.
Tuas mãos
pequeninas de dedos suaves.
Uma
contradição.
Não
conseguires conter tudo aquilo que percebes.
Meus olhos pequenos
e míopes de um castanho comum
permanentemente
distraídos e protegidos por lentes externas.
Minhas mãos
grandes de dedos longos moldadas e habilitadas
a cumprirem
uma função específica.
Uma
frustração.
Não conseguir
perceber o que está ao meu alcance.
Não opostos,
mas complementares.
Tua fala
acelerada, entrecortada,
veloz e
ricocheteada como um átomo
solto em um
ciclotron
esperando
colidir e fragmentar-se.
Uma urgência.
A pressa pela
juventude adiada.
Minha quase
mudez grave e rouca
interrompida
por longas, lentas e verborrágicas análises,
como um livro
de contos embolorado
em uma
estante empoeirada de alguma biblioteca.
Uma
conformidade.
A constatação
da maturidade já premente.
Mais que
características, quase caricaturas.
Até o
encontro de olhos
Que não se
buscam, mas se mesclam,
De mãos que
se encaixam
e se
protegem.
De lacunas
que se
preenchem.
De toda um
pluralidade
que almeja o
singular.
De dois, que
são variantes,
a um, que é
binômio.
De conjuntos
que se
intercedem
e do novo
conjunto
formado pela
interseção.
De tudo o que
se pensa
A tudo o que
se vive e sente.
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