segunda-feira, 30 de novembro de 2009

QUASE

Tenho enfim nas mãos o livro que tanto ansiei ter e ler.

Começo a ler e me surge um desafio inesperado: Analisar uma obra que reconheço. Que me foi dita. Que eu espreitei pelas janelas da criação.

Tento não pensar na minúscula varanda que ilustra a capa, que já fumou inúmeros cigarros, inclusive meus.
Tento não ouvir sua voz dizendo aquelas sequências de palavras no seu sotaque de branco fluminense serrano repleto de um léxico quase abandonado, mas alimentado quase propositalmente por diálogos com os falares mezzo parnasiano mezzo barroco protestante prostituto interiorano do ex-bancário filho do pastor e o suburbanismo empedernido do negro filho do militar advogado mais velho que, na oralildade, soavam quase sem sentido mesmo naquele contexto que beiravam o surreal daquela pequena sala em Icaraí.

Sei muito bem que seus diálogos não se resumiam a estes e nem neste espaço, mas só posso ter como certeza de referências o que presenciei e participei.

Não rememorar trajetos observatórios pela orla niteroiense e os nomes de personagens que surgiam entre uma ou outra tragada.

Me dou conta de que preciso reaprender e ler para lê-lo. Não. É um processo ainda diferente. Preciso aprender a me cegar para lê-lo.

Espero conseguir.

Um comentário:

Letícia disse...

Ahhh
Que lindo, deu mais votnade de ler, sério.
Se eu fosse ele,ficaria orgulhosa =)