Dúvidas de garoto que permanecem na adultescência:
Até que ponto vale a pena entrar em bola dividida, correr atrás de pipa voada e apostar só com uma bola de gude no bolso?
Conduzir ou mesmo roubar uma bola são coisas que não se nasce sabendo, a gente tem que praticar e, para isso, algumas brincadeiras eram fundamentais. Para aprender a roubar a bola do adversário, nada melhor que o "bobinho", cuja premissa era não ser bobo, ou seja, aguardar e esperar o momento certo em que um dos adversários passasse a bola mais desleixadamente ou perdesse o domínio dela por algum momento. Eu era até bom nisso... Para conduzir, a brincadeira era menos inocente. O "pé na moela", para quem não conhece, consistia em pura e simplesmente encher de chutes quem estivesse com a bola e, diferente do "bobinho", tinha que se chegar ao gol. Aprender a desviar de chutes na canela e a suportá-los era de grande valia. Tudo isso também ensinava a seguinte lição: "bola dividida, NUNCA!". Se a bola está lá, paradinha, só há duas opções: pegá-la antes que alguém pegue ou esperar alguém pegá-la para roubá-la da pessoa. Agora, irem dois (ou mais) para tentar alcançá-la ao mesmo tempo... meu amigo, isso não tem como acabar bem, especialmente se você for um garoto pequeno.
...nunca soube soltar pipa mesmo. Aliás, minto! "Soltá-las" era o que eu fazia de melhor! Ainda tinha a manha de ter que passar cerol... as manobras para não deixar nenhum outro cara torar ou aparar. Mas o problema mesmo era quando voava. "Tem carro da rua!" era o menor dos males. Era aquela horda de moleques que, fossem teus amigos ou não, imediatamente davam a sua pipa como "perdida" e seguia-se a máxima clássica do "achado não é roubado" somada ao "tá na mão", que sempre resultavam em "é meu, já era!". Meio complicado para um garoto pequeno, e exponencialmente pior quando caía na rua de trás... os moleques da rua de trás... Além do quê, correr atrás de pipa voada cansa! Sempre me soou como um dos mais inúteis esforços.
Bola de gude, a sinuca da infância! tudo só depende de sua habilidade, capacidade de estudar as possibilidades, os ângulos, os movimentos do adversário... ou você se garante dentro da sua cabeça ou perde, e a derrota será sempre justa, pois não importa o tamanho total ou mesmo o tamanho do polegar. Entrar em uma partida de mata-mata com só uma bolinha, em búlica com três bolinhas e em triângulo só com duas bolinhas no chão e uma no bolso te davam as mesmas chances de ganhar (ou perder) que qualquer outro. E tinha-se que conhecer tudo, todo tipo de terreno, terra, areia, grama, cimento; se a sua bola da sorte tinha alguma característica especial, tinha que se conhecer bem cada aspecto. Não importava ser uma criança pequena.
Bola de gude sempre foi o meu preferido, e eu sempre descia para jogar com apenas uma no bolso.
Até que ponto vale a pena entrar em bola dividida, correr atrás de pipa voada e apostar só com uma bola de gude no bolso?
Conduzir ou mesmo roubar uma bola são coisas que não se nasce sabendo, a gente tem que praticar e, para isso, algumas brincadeiras eram fundamentais. Para aprender a roubar a bola do adversário, nada melhor que o "bobinho", cuja premissa era não ser bobo, ou seja, aguardar e esperar o momento certo em que um dos adversários passasse a bola mais desleixadamente ou perdesse o domínio dela por algum momento. Eu era até bom nisso... Para conduzir, a brincadeira era menos inocente. O "pé na moela", para quem não conhece, consistia em pura e simplesmente encher de chutes quem estivesse com a bola e, diferente do "bobinho", tinha que se chegar ao gol. Aprender a desviar de chutes na canela e a suportá-los era de grande valia. Tudo isso também ensinava a seguinte lição: "bola dividida, NUNCA!". Se a bola está lá, paradinha, só há duas opções: pegá-la antes que alguém pegue ou esperar alguém pegá-la para roubá-la da pessoa. Agora, irem dois (ou mais) para tentar alcançá-la ao mesmo tempo... meu amigo, isso não tem como acabar bem, especialmente se você for um garoto pequeno.
...nunca soube soltar pipa mesmo. Aliás, minto! "Soltá-las" era o que eu fazia de melhor! Ainda tinha a manha de ter que passar cerol... as manobras para não deixar nenhum outro cara torar ou aparar. Mas o problema mesmo era quando voava. "Tem carro da rua!" era o menor dos males. Era aquela horda de moleques que, fossem teus amigos ou não, imediatamente davam a sua pipa como "perdida" e seguia-se a máxima clássica do "achado não é roubado" somada ao "tá na mão", que sempre resultavam em "é meu, já era!". Meio complicado para um garoto pequeno, e exponencialmente pior quando caía na rua de trás... os moleques da rua de trás... Além do quê, correr atrás de pipa voada cansa! Sempre me soou como um dos mais inúteis esforços.
Bola de gude, a sinuca da infância! tudo só depende de sua habilidade, capacidade de estudar as possibilidades, os ângulos, os movimentos do adversário... ou você se garante dentro da sua cabeça ou perde, e a derrota será sempre justa, pois não importa o tamanho total ou mesmo o tamanho do polegar. Entrar em uma partida de mata-mata com só uma bolinha, em búlica com três bolinhas e em triângulo só com duas bolinhas no chão e uma no bolso te davam as mesmas chances de ganhar (ou perder) que qualquer outro. E tinha-se que conhecer tudo, todo tipo de terreno, terra, areia, grama, cimento; se a sua bola da sorte tinha alguma característica especial, tinha que se conhecer bem cada aspecto. Não importava ser uma criança pequena.
Bola de gude sempre foi o meu preferido, e eu sempre descia para jogar com apenas uma no bolso.