“Sonho que se sonha junto é realidade”
Tudo o que me cerca vem carregado de uma quantidade tal de
informações que temo não ter capacidade de filtrá-las.
Imagens, palavras, cheiros, sensações, cacofonia,
policromia, sinestesia.
Pensamentos.
Tudo transborda em pensamentos, não só o que é humano, pois
o que é coisa também me vem como ideia e como a ideia do pensamento como sendo a
coisa-em-si.
Sinapses.
Assimilar cada estímulo _concreto ou abstrato_ e
metabolizar, realimentando todas as sensações já existentes em mim e sendo
também um retransmissor, tornando-me (ou continuando) um núcleo e uma unidade
de tudo, pois eu também estou ao meu redor.
Ah, essa permeabilidade que me permite absorver, devolver e
transitar... tão vital e tão tóxica. O que me nutre e o que me mata tão
similares e só o que os diferencia é o que eu escolho fazer de cada um.
Essa juventude carregada de sentimentos estreantes e
ineditismos tão antigos. Essa velhice carregada de experiências e neurastenias
sábias e desgastadas. E eu em meio a isso tudo.
Inspiro. Carrego meus pulmões de ar e de poeira e fumaça. E
devolvo ao ar mais veneno. Eu e tudo o que respira e inspira. E as coisas.
Me inspiro. Me encho de tudo. Pleno. E devolvo, às vezes ainda
cru. Não assimilado.
E sigo. Compartilhando o mesmo ar de tudo o que me cerca. As
cores e sons. Concretudes e pensamentos. Apenas sendo.
Pessoa e coisa. Unidade e todo. Ainda e também.