domingo, 29 de julho de 2012

CLAREAR


Pouco me importa
O barulho das ondas preguiçosas
Da Baía da Guanabara
Ou o vento frio
Que corta, no outono, a madrugada
Ou o céu que vai deixando
De ser azul marinho
Para se tornar cada vez mais claro
E púrpura no horizonte.

Pouco me importam
Os pescadores,
Os esportistas,
Os carros que passam,
As peculiaridades, humores
E as imperfeições
Dos que me são alheios.

Pouco me importa
O que era,
O que é,
O que será
Ou o que poderia ser.

O que me importa é que,
naquela noite,
naquele amanhecer,
Eu pude ver de frente seus olhos castanhos
clarearem com o dia,
Pude aquecer seu frio
com o meu calor para te emprestar,
Pude ouvir sua voz
dizendo meu nome com candura,
Pude olhar seu andar
e acompanhar seus passos,
Pude ser o que fui
e o que fomos
com toda a entrega
e com todas as promessas de eternidade
que poderíamos e pudemos ter
Naquela noite
e naquele amanhecer.

E saber que, nesse tempo,
Talvez tenha sido tudo
o que poderia ser.

07.05.2007

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