Quando a pedra
se apaixona pelo pássaro, ela deve sempre lembrar que só o terá por alguns
instantes, por muita sorte, se o pássaro resolver pousar sobre ela.
Se ela
conseguir um meio de voar até ele, o matará.
À pedra, o
quase imutável solo; ao pássaro, o ar, os galhos das árvores, talvez um ninho,
mas sempre a brevidade.
Quando o
pássaro se apaixona pela pedra, deve decidir se deixará nela alguma marca. E
deve lembrar que, feita a marca, ela permanecerá.
Se ele um dia
voltar a pousar sobre ela, ela se recordará. Mas não é dos pássaros lembrar.
Quando a pedra
e o pássaro se apaixonam, eles continuam sendo uma pedra e um pássaro.
Não deveriam
ser permitidos os sentimentos às pedras nem aos pássaros.