I
– Calor (ou “Empatia”)
Há os que pregam que coincidências
ou paridades são coisas que se constroem e/ou buscam. Eu também penso assim. E
não nego ter buscado em alguém tão díspar tais analogias.
Há ainda os que alardeiam que vemos
no outro o que ansiamos ou tememos ver em nós mesmos, como uma espécie de
espelho reverso, escolhendo assim amizades e desafetos. Reconheço e admito
também isso. Só não saberia mesurar até que ponto fiz isso conscientemente ou
em quais pontos ultrapassei limites de bom senso e, em verdade, não trago a
mínima pretensão de me escusar por tais disparates.
E não me surpreenderia se, em algum
momento, eu fosse rechaçado.
II
– 26° (ou “Encantamento”)
Uma das razões que move o ímpeto
humano é justamente a sua íngreme inclinação por desejar aquilo que lhe é
vedado, mas tendo estabelecido esse parâmetro ele pode ser evitado e/ou
subvertido. Então aprende-se não a desejar, mas a apreciar sem a necessidade do
ter. Talvez ainda reste um quê indefinível entre algum ressentimento,
frustração e impotência, mas – superados esses sentimentos menores – resta o
alívio pela humanidade e pelo fato de se pertencer a ela em tempo hábil para a
apreciação em seu maior esplendor, como um belo quadro ou uma bela foto ou
escultura, ou um bom livro em tempo ainda de conhecer seu autor.
Saber não poder ter tudo é um dos
benefícios da maturidade dos mais caros.