Madrugada de quarta para quinta-feira, 0h30. Saio de casa apenas para não permanecer lá. No caminho decido o trajeto. Irei ver o mar, talvez o amanhecer. Ainda não sei bem. Só sei que não posso ficar parado em meio às minhas coisas de todo dia e do dia todo. Maldita tevê que resolveu dar pane justo n'um dia como hoje.
Mas a culpa disso é só minha, devido ao estilo e diretrizes de vida que escolhi acreditando serem os melhores e mais coerentes. Só não posso mentir: É triste sim.
Quisera eu tais escolhas não fossem tão pesarosas, que eu tivesse optado por mais leveza e menos preocupações, mas isso não seria nada condizente com o que realmente penso e agir de má-fé para com meu íntimo poderia resultar em maior sofrimento que mera solidão. Menos que escolher viver na tristeza, prefiro acreditar que não vivo na mentira.
Mentir.... mentir é tão fácil e eu sabia fazer tão bem... Mas quando escolhi eu mesmo não mais mentir, desaprendi a reconhecer a mentira alheia. Apenas sei que ela existe, mas isso não é suficiente.
Se quero um mundo de sinceridades perfeitas, de jogos sem trapaças ou blefes? Claro! Quem não gostaria disso? Utopia? Óbvio!... Só que desprendi também a balancear meu desejo com a realidade.
Não que eu seja um alienado ou sonhador, apenas finquei meus pés em um terreno que só pertence a mim e tornei-me absolutamente desarticulado no lidar com o que me cerca.
Uma série de decisões que me afasta grave e gradativamente mesmo do que tenho afeto.
Não, não é um lamento, tampouco um pedido de desculpas. É, no máximo, o desabafo de alguém um tanto triste, definitivamente sozinho, mas que _por mais paradoxal que possa parecer_ ainda acha melhor ser assim.
Alan Robert
08.01.2009
Crédito da foto: Teca Mota em http://www.flickr.com/photos/teca1000/1790010550/